Tangente

Estendo a mão, para te levar comigo nesta viagem ao infinito dos tempos. Onde tudo aquilo que vês te recorda outros momentos, outras épocas. Onde a saudade é o presente e não a ausência do que já passou. Onde a tristeza se faz de um sorriso e contagia quem dela se aproxima. Neste lugar o céu tem a cor do eterno pôr-do-sol, o verde estende-se a perder de vista e o mar é turquesa. Aqui o vento sopra com a suavidade das carícias e a vida gira em torno dos nossos próprios sonhos. Dirás que este lugar não existe, responderei que o inventei, que com minhas próprias mãos o desenhei e com minhas letras o pintei.

Nas asas que te empresto a cada vez que te trago em mim, que te convido para entrares no meu mundo, desenho-te os padrões da borboleta, as cores vivas deste arco-ires que faço surgir no astro, palete de cores que uso para te reescrever. As flores brotam como se eterna fosse a Primavera e as suas essências recordam-nos o perfume do incenso por queimar, sabores exóticos, de alecrim e açafrão, pimenta e canela. Há uma cascata que se precipita do alto da montanha como se fosse suicidar-se lá em baixo, mas o lago calmo que a espera de braços estendidos, evita-lhe a queda.

É no sabor e gostos deste sonho que te trago, como viajante, para outra dimensão, onde as constantes do dia a dia se transformam em variáveis, onde as rectas deixam a perfeição da sua linearidade para se fazerem das curvas do teu corpo que não me canso de redesenhar, como se quisesse atingir a perfeição, ou, talvez seja apenas a ânsia de sentir o toque da pele. A realidade não passa de uma circunferência que se repete a cada dia, e passa numa tangente desapercebida deste outro mundo que consegues ver através dos meus olhos.

5 comentários:

.l disse...

Tangente, linha imaginária, ténue, aparentemente inexistente aos olhos alheios, perceptível apenas pelo sexto sentido que na hesitação duvida, mas passa, passa à tangente, não toca, fica o perfume, o aroma do que podia ter sido, não foi, desta vez não foi, mas o perfume ficou, mesmo sem o toque, mesmo com a tangente, a marca fica sempre nos olhos do coração.

mARa disse...

Adentro essa tela de sonhos
Nessa tarde que aqui finda
E espero a Noite que me vem
Com teu sorriso e encanto
Teus beijos tão meus
Teu gosto
Fragrância que absorvo em minha pele.
Alecrim e Pimenta,Menta e Canela.
Açafrão, não sei, experimento agora.
A caricia de tuas letras me levam
Além desse Horizonte de ocaso permanente, que aconchega a noite por vir.
Onde vou estar, sempre a te esperar.
As asas que me dás
Fazem-me estar em constante viagens
todos os dias, o dia todo.
A dimensão de teus signos tangem de leve minha pele,meu ser, minha alma,meu querer.
Somos a sensação em espiral suave,
nas Noites que nos deixamos apenas
Sonhar!

BLOEM disse...

Somos um todo e somos um nada.
Hoje sinto-me assim. um NADA!

EDUARDO POISL disse...

O mar me ultrapassa.
Mas ondas haverão de contar
Aos ouvidos que lá pousarem
Que um dia sonhei no mar.

O céu não vai se importar
Quando eu monge de meu hábito partir.
Mas estrelas enquanto restarem
Hão de lembrar
Que um dia me puseram feliz.

A terra , é fato, há de me subtrair.
Mas a árvore que me deitou raiz
E as cores
Que em meu tempo colhi
Estas eu levo comigo
Ninguém há de tirá-las de mim.

Fernando Campanella

Desejo um lindo final de semana com muito amor e carinho
Abraços Eduardo Poisl

Sonia Schmorantz disse...

A vida como um circulo, sempre voltando ao ponto de origem, mas sempre há esta tangente a escapar pela linha dos sonhos. Excelente texto.
Um abraço