Dá-me

Abre-me a porta do teu corpo, deixa-me em ti entrar. Abre teus braços de mulher, deixa meu ser em ti penetrar. Abre-me o livro da tua vida, deixa-me nele escrever-te. Abre-me a tua boca e deixa minha língua beber-te. Abre-me a tua alma, e deixa meu espírito povoá-la. Deixa que more em teu mundo, como único habitante desse lugar teu, como único ocupante de teu corpo faminto, como único amante.

Abre-me a porta da saudade, para que dela saiam todos os sentidos, todas as tristezas e amarguras que a ausência me aporta. Abre-me a porta da ternura, para que por ela entrem as tuas vozes, carícias e afagos que me banham o corpo despido, como água tépida, vinho antigo. Abre-me a porta do prazer, para que em meu sangue ferva a tua luxuria, para que o goto agrido do teu corpo em mim encontre doçura.

Entrega-me o teu corpo, para que seja teu último regaço, cama onde te deitas, entrega plena de teus sentidos, amante, amigo, ou simplesmente seda que tua pele cobre, num abraço apertado que os corpos consome. Dá-me os teus sentires, para que os guarde em caixa secreta de minha alma, eternidade que te vela e te acorda, nesta melodia fantástica em que te ofereces em mim.

Dou-te o silêncio, que cubro com gemidos de prazer, nesta dança de ventres que se agitam, no vento quente deste adormecer que nos excita.

3 comentários:

Anónimo disse...

proposta sensual de entrega e partilha...bonito o último parágrafo.

Sonia Schmorantz disse...

Amigos são poemas…
Os verdadeiros amigos são a poesia da vida.
Eles enchem nossos dias de cores, rimas e risos,
nos seguram a mão quando caminhar parece difícil.
Mostram que mesmo em dias nublados o sol está no mesmo lugar,
e nos ensinam que a chuva pode ser uma canção de ninar
nas noites solitárias e vazias.

Um abraço em mais este final de semana, que tudo lhe
Seja bom...

mARa disse...

Vozes de ternura sussurradas no silêncio.
Almas famintas
Alimentadas com sílabas
Sibilam desejos na pele ardente.


Um beijo Lilás!