Despertar...

A luz da manhã, ofusca os olhos semicerrados, que despertam de um sonho longo. Esvoaçam as cortinas da janela com a brisa com que os ventos nos brindam. As mãos perdidas entre os corpos por vestir, entregam aos sentidos, ainda adormecidos, os instantes de prazer que se sentem no perfume deste quarto. Na minha boca, degusto ainda o sabor do teu último beijo. As roupas perdidas pelo chão, revelam a intensidade dos desejos que se precipitavam em avalanches de luxúria.

Sinto o perfil suave do teu corpo, que se enrola sobre si mesmo, como criança acabada de nascer. Meus braços teu berço, minha voz canção que embala os sentidos adormecidos do teu corpo de mulher. Adormeço na fragrância de teus cabelos longos, ondas de um mar que invento, onde mergulho minha pele, onde afogo todos os meus tormentos. Por entre lençóis amarrotados, os corpos desnudos, deitados, perdidos em sonhos imaginados, envolvem-se nesta areia branca, molhada, que os aconchega num terno e suave abraço.

Minhas mãos deslizam como grãos de areia seca arrastados pelo vento quente deste pequeno deserto, percorrendo tua pele macia, numa caricia indolente, aninhando-se em recantos sensíveis no teu corpo traçados, como beijos molhados, que te entrego, no centro do teu universo. Da fonte da vida bebo, o néctar maduro do teu prazer, deixo minha língua beber, e meu corpo satisfazer, neste momento único, que te faz estremecer.