Fome, desejo!

Envolvo o silêncio num mar de incenso. Deixo arder pelo ar o perfume do prazer. Agito a chama numa dança, sinto a madrugada no teu corpo de mulher. Escuto o desejo do teu gemido, percebo no teu corpo o sentido. Sei nos teus lábios o gosto da paixão, abraço o frémito desta ilusão. Absorvo o calor de teu vulcão, inalo o vapor que de ti sobe em turbilhão. As mãos percorrem toda a tua extensão, perdendo-se os dedos em tuas mãos.

Depois vem um beijo, lento, suave, perfumado de luxúria, húmido, a minha língua desenha tua boca, como lápis que contorna teus lábios, que se cerram, que abraçam os meus com a profundidade de quem devora o prazer em goles profundos, intensos. Teus cabelos cobrem meu rosto e nossos corpos nus, tocam-se, numa tangente de sentidos que quebra todas as correntes, os braços percorrem-nos como vento dos desertos, a maresia das ondas cobre-nos como suores de prazer.

Tuas pernas abraçam meu corpo, segurando em ti a luxúria. Meu corpo mata tua fome, desejo de em mim te ter, saudade quase incontrolável de sentir-me dentro de ti. Esquecemos os limites e explodimos numa agitação que dissolve a atmosfera, mesclando odores, perfumes e suores. Um turbilhão de sentidos envolve-nos numa nuvem de emoções que nos provocam o êxtase, fazendo os corações palpitar, as almas cantar.

Faz-se silêncio, de peles coladas deixamos-nos ficar, num perpétuo abraço, deitados à beira deste mar de prazeres inundado, despidos, sobre a areia húmida de nossos corpos.