Abraçar

Escuto no ocaso do dia a tua voz distante, abraçada no vento de levante. Sinto o perfume do teu corpo que em gotas de orvalho em minha pele se condensa. Resvala-me no rosto uma lágrima de saudade, que teu dedo vem limpar. Escuto teus poemas de paixão, versos escritos nas nuvens do céu. Falas-me em voz suave, como se tua alma a minha embalasse.

Meus lábios secos, procuram os teus. Tua língua vem minha sede matar, e num abraço teu corpo em meu vem aportar. Somos um barco que deriva, em mares de águas tranquilas, somos pedaços de vida, centelhas que a noite iluminam. De nossas peles libertam-se faíscas, energias que se transferem, auras em puro palpitar que se fundem num só abraçar. Nesta noite silenciosa, são os gemidos de nossos lábios canções, música que se agita em fogos que iluminam nossas paixões.

E neste suave embalar, os corpos exaustos vão descansar, perdidos em vagas neste imenso mar, onde os sentidos são grãos de areia que em correntes de prazer viajam por todo o corpo. Fica o silêncio dos braços que enlaçados adormecem nos corpos dos amados.