Pensa em mim

Caminhas entre as árvores da floresta, perdida no teu corpo de criança, mulher de alma sofrida. Olhas no fio do horizonte, os limites da tua realidade. Provas do ar a saudade das tuas memórias. Segues o caminho traçado por teus antepassados, contornando cada esquina, sentindo em teus pés cada pedra da calçada. Em teus olhos um mar de lágrimas prestes a transbordar, agita-se turvando teu olhar. Ao vento soltas teu lamento.

Como estrela cadente, risco suavemente o teu céu, querendo quiçá iluminar a tua noite, facho ardente que imola minha pele. Precipito-me dos céus, qual anjo caído, em auxilio. Meu fogo é calor que ilumina tua alma, meu abraço corpo que teu cobre. Meu beijo, água que mata a sede. Pensa-me, agita teus dedos no ar e constrói-me, como o oleiro faz ao barro. Nasço em teus olhos, vestido da saudade de outros tempos, homem alado, em teus braços perdido.

Sopras em meus lábios segredos antigos, e ganho vida em ti, sopro ardente que me faz gente. Instante em que nossos olhares se cruzam e num perpétuo abraço se fixam. Existo em ti, em cada molécula do teu corpo, em cada recanto da tua pele. Lembrar-me será sempre trazer-me à vida, à tua vida, que é minha também. Não me esquecer é prolongar no tempo a eternidade deste momento.

Pensa em mim.