Toque

Fecho a porta e caminho no soalho de madeira com a suavidade da brisa. Teu corpo perfumado, sente a minha presença, saboreio no ar as essências da tua pele. Agito ao passar as pétalas de rosas que preenchem partes do chão. As chamas das velas oscilam com a deslocação do meu corpo que o teu procura. Sabes-me aqui, contudo permaneces quieta sobre o leito. No contraste das sombras tua pele parece bronzeada pelo Sol dos teus dias. Chego, sento-me ao teu lado.

Em minhas mãos derramo óleos de jasmim, essências perfumadas, quentes, que deixam minhas mãos deslizar sobre a pele do teu dorso. Acusas o toque com um arrepio, entregas-me teu corpo no silêncio deste quarto vazio. Preencho tua pele de finos riscos escorregadios, que meus dedos seguem como caminhos em ti. resvalo as palmas das mãos, em movimentos de carícias continuadas, como água morna que te banha, como inundação de prazer que te toma. E todo teu corpo se distende, como se estivesse abandonado, e meus cuidados te prendem neste fio de luxúria e de desejo.

Contorno-te a silhueta, fazendo-te olhar para mim, descobrindo em teu olhar um mundo infinito, sem fim. Surge do nada uma canção, quase de embalar, como que a querer nossos corpos abraçar. E minhas mãos, em vontades incompletas, seguem teus traços como poetas, em textos de rimas perdidas. Já nossos corpos se mesclam, entre os aromas da atmosfera, neste lugar encantado, e meus dedos perdidos em ti, esquecem os caminhos que percorri, e tomam teu corpo em mim, com a sofreguidão de todo o êxtase, com a loucura desta paixão.