Turbilhão

Provar dos teus lábios a vida, num sopro de vento que me toma, é sentir na pele o teu corpo, que em meu resvala com a suavidade de uma carícia. Neste tempo ausente, nosso mar é tempestade emergente, lugar de águas que se agitam, corpos que se amam em plena tangente. E dos céus descem rios de águas, que em maresias se agarram nas nossas peles suadas. Em ti me adentro, e meus sentidos a ti rendo, como servo de nosso prazer, e tu Deusa que me recebes, em teus braços me prendes.

Minha alma rasga os ventos, como se quisesse apaziguar teus próprios lamentos, cravo meus dedos de pó, nas nuvens que separam as dimensões, passando por mil portões, chega a ti minha voz, meu alento, meu sustento, que num caminhar veloz, em teu corpo penetra. Com a intensidade da luz, meu brilho em nós projecto, e tu em ti recolhes os meus próprios desejos. Somos um Sol imenso, em plena combustão, nossos corpos um frémito, plena emoção.

No meio de todas estas convulsões, desce dos céus o silêncio, que nos envolve e abraça, como um fluido que nos banha, cobre e protege, deleitando-nos o sentidos num murmúrio de prazer.

E da profundidade deste oceano, emergem os sentidos, que nos tolhem, deixando-nos repousar o olhar nas nossas almas que a nós recolhem. Ficamos, abraçados no silêncio com que o amor nos brinda.