Corpos de paixão

Contorno teus lábios com a ponta húmida da minha língua, como pincel sobre tela. Nas minhas mãos, teus seios desnudos, entregues ao prazer de uma massagem de óleos essenciais, que resvalam com meus dedos pelo teu corpo. Na música que em suaves murmúrios se agita no ar, entregas teus sentidos, deixas tua alma voar. Minhas pernas, entre tuas pernas se encaixam, como bailarinos desfilando no salão, dançando ritmos de boleros, tangos de paixão.

O vento agita as cortinas deste espaço a que confinamos os corpos despidos, enredados em mãos, braços e abraços. Nos olhares a cumplicidade do desejo, da entrega total de puro e simples prazer. Percorremos-nos, como se tomassemos terrenos virgens, que na ânsia da descoberta encontrassem a verdadeira essência daquilo que somos. Deixamos os minutos tomar conta do tempo, que esquecemos lá fora, como se nunca houvesse existido, e aqui, imersos em nós, banhamos-nos na luxúria e nos múrmurios da nossa voz.

Não existem limites, fronteiras ou barreiras que impeçam esta força avassaladora que nos toma, nos atravessa e nos consome, como fogo lento, cálido e terno, chama eterna de desejos não revelados, apenas em nós confessados num abraço, num beijo. No ímpeto desta paixão, corpos espalhados pelo chão, amam-se com todo o fervor, "amor, amorrrr..." digo-te eu, dizes-me tu com fulgor. Na profundidade desta emoção, vibram os corpos, suspendemos a respiração, num instante de êxtase, num profundo turbilhão.