Luar

Nasce a Lua nos limites de um horizonte escuro e longínquo, imensa, vermelha como fogo, queimando as estrelas na sua passagem. Espelho, reflexo do brilho de um olhar distante, o Sol seu amante. Cruza os céus em movimentos suaves, como carícia, agora ténue, de brilhos de prata sobre tua tez. Ilumina teu mundo de suaves contornos, banha teu corpo em leves traços de um branco pálido. Nesta dança lenta, meus dedos percorrem-te, como estradas já traçadas, marcadas pelo imaculado brilho da Lua.

Bebo no silêncio desta madrugada, o sabor de teus lábios que em meus adormecem num beijo prolongado. Tomo nas minhas mãos, a ternura de tua pele que se distende em todo meu corpo, como cetim delicado que o cobre. Na sua viagem, leva a Lua nossos corpos, de um lado a outro, numa dança tranquila, preenchida de delicados sentires que nos invadem a alma num prazer indescritível. Vejo, em teus olhos entreabertos o seu reflexo, reflexo do amor que em tua alma desagua, como fonte inexplicável de nossa essência.

Já a madrugada espreita, anunciando um novo dia, quando a Lua, deixa de iluminar nossos corpos, despedindo-se, num pranto de saudade, deixando-nos o vibrar de um êxtase esperado, e tantas vezes desejado, num abraço apertado de corpos que já saciados, continuam amando-se.